Na ancestral cidade em festa
O intruso e fresco olhar
De duas crianças
Tu e eu, eu e tu
Viva e feiticeira
Luminosa cidade
O rio, cálido amante, brinca com ela
Luminosa cidade
O rio, cálido amante, brinca com ela
Tua mão me leva
Somos as pontes, os passeios, as
catedrais
Assombrosas gárgulas!
-Vem, menina
Imergir comigo
Na vastidão do firmamento!
-E partilhar o vinho, o silêncio,
o inefável
O ar, as formas, o som e o pão?
Noite lavradora
Caprichosa noite
Quente e radiosa
Implantando
Consanguíneos sonhos
Nas almas esfaimadas
De travessura e néctar
De pequenas coragens
Caminhos esteados
Em operosa palavra
Todinha ataviada
De bondades sem pudor
Contudo, vem a onda oceânica
Eclipsando a cidade
Tudo se dissipa do mapa
A pobre juventude
Fica velha e carcomida
Dançando sem parar
Com os diabólicos sapatinhos
vermelhos
E brincas entre as vagas
E me amofinas
Quando viras o marujo
De doido e amaldiçoado Holandês Voador
Capturando arremedos de sereias
Que eu, boba, guardo...
Em frasquinhos de cristal
Mas se tua alegria é minha
alegria
Confio, entrego e deposito
Com a fé deslavada
Daqueles que não têm avidez
De ser coisa alguma
E reinventamos ininterruptamente
A cidade devastada
Nestes anos de amor e labor
Brandindo a espada da liberdade
Espíritos livres, como as aves
Que vão e voltam
Num querer
Aberto e generoso
Diviso a onda altiva
Um escarcéu no coração
Aclarando remotos desgostos
Que evanescem na baixa mar
Ante a figura palpável
Da criatura adorada
Continuamente rebrotando
Cá, nesta diminuta e remota ilha